Se eu for olhar agora no meu contador de tempo gasto em jogos do meu Xbox One, provavelmente eu vou descobrir que Elite Dangerousé o game que eu mais joguei até hoje, estava em primeiro lugar da última vez que eu verifiquei bem a frente de Smite, The Witcher 3 e outros grandes jogos. Mesmo com as recentes chegadas de Rocket League e Overwatch no console da Microsoft, dificilmente alguns desses vai passar Elite Dangerous, especialmente agora que a expansão Horizons foi lançada e meu vício por exploração espacial voltou com tudo.
Para muita gente não há nada de especial em Elite Dangerous, é só um jogo gigantesco, do tamanho de uma galáxia real, do tamanho da nossa galáxia, mas bastante vazio. Ainda assim, o espaço é mesmo vazio e a solidão do jogo e a falta de diversidade que são as únicas coisas que chegam perto de atrapalhar a experiência, acabaram de diminuir com a última atualização.
Horizonsé uma expansão que vai durar pelo ano inteiro, talvez até pegue o início de 2017 pelo andar da carruagem. No PC ela foi lançada em dezembro do ano passado com a atualização 2.0, que permitia aos jogadores pousarem em planetas sem atmosfera e sem atividade geológica. No início do mês saiu (bem atrasada no cronograma) a atualização 2.1 que consiste em dar um rosto aos NPC de quem nós só víamos o nome e nos dar NPCs especiais, chamados de Engenheiros e que podem modificar os módulos de nossas naves de forma exclusivas e únicas. Com o lançamento do XB1 sendo feito no mesmo dia que o 2.1 no PC, as próximas atualizações devem permanecer alinhadas a partir de agora.
Dentre as atualizações previstas para a temporada Horizons estão a capacidade de você criar um rosto para o seu personagem, dividir a ponte de comando de uma nave com outro jogador sendo seu copiloto, a habilidade de lançar naves menores e mais rápidas para o combate de dentro de naves maiores e mais lentas e embora ainda não confirmado, a possibilidade de pousar em planetas sem atmosfera, mas com atividade geológica, como vulcões e outras coisas do tipo, também está prevista, além de "uma surpresa" para o final da temporada.
O que Horizons te oferece até agora, as atualizações 2.0 e 2.1 são de níveis game-changers na primeira e simples na segunda, mas ambas mudaram a cara de Elite para sempre. Primeiro que a sensação de estar pousando em um planeta de tamanho real pela primeira vez depois de uma longa viagem interestelar é simplesmente de tirar o fôlego. Os planetas que você pode pousar e passear sobre eles com uma espécie de carro espacial, não são mais do que uma pedra colossal sem um céu bonito ou nada desse tipo, não há atmosfera, não há vida, não há muito o que se fazer neles e ainda assim a sensação é de fazer isso pela primeira vez é única.
Para os jogadores que assumiram o papel de minerador (não é exatamente o que eu faço no jogo), os planetas são uma possibilidade inteiramente nova, visto que você pode minerar pedras e procurar materiais raros em canyons e crateras sombrias e até investigar estranhas evidencias de formas de vida alienígenas através de constructos raríssimos que alguns jogadores acharam há alguns meses no PC.
O 2.1, por outro lado embora pareça bem mais simples, dar um rosto aos personagens NPCs que lhes passam as missões e criar NPCs especiais que podem modificar sua nave para deixá-la única na galáxia não parece muito, mas a forma como os NPCs interagem com você agora, mesmo que ainda seja apenas por texto, dá uma outra vida ao jogo e abre muitas novas possibilidades, já que isso tudo também te dá a capacidade de criar itens, munições especiais, melhorias temporárias e o novo desafio de ter que reunir seus próprios itens para construir os novos módulos especiais.
Elite Dangerous obviamente tem seus problemas e Horizons não os resolveu completamente e nem deve resolver a maioria deles ao longo prazo. Eu poderia citar vários já que o jogo é imenso, não é de se estranhar que ele tenha dezenas de problemas maiores ou menores, mas eu acho que vale citar o problema que eu entendo como a principal falta de apelo que o jogo tem para o público geral, que é a falta de protagonismo. Os maiores trunfos de Elite são em parte o seu maior problema para o público mais amplo e eles incomodam mesmo os "fãs mais fanáticos" do game pelo que já notei. Seu realismo e seu Background SIM que gerem o universo, impedem que você, assim como em todos os games normais, até mesmo nos MMOs da vida, seja algum tipo de herói. Em Elite Dangerous você é só um cara fazendo as suas coisas numa galáxia colossal que não se importa sequer com o fato de você existir. Elite Dangerous em alguns momentos parece com O Vórtice da Perspectiva Total de Douglas Adams e isso é lindo e exasperante ao mesmo tempo.
O que é necessário a se entender sobre Elite Dangerousé que ele é um jogo em construção, essa não é uma boa notícia para apressados que querem o resultado final imediatamente. A boa notícia é que por hora tudo o que a Frontier Developments prometeu, foi entregue e com certa qualidade. Horizons, tanto as duas atualizações da expansão que foram lançadas até agora quanto o que ainda será lançado durante o ano, é um belo fundamento para o restante da épica construção que nos foi prometida (pensando só na que já está agendado para essa temporada) e adiciona toneladas de diversão ao que já temos disponível, eu já sei que ainda vou jogar muito mais o game a ponto de nenhum outro jogo ter chance de ultrapassar a marca de tempo jogado no meu Xbox One e eu acho que você deveria dar uma chance também, quem sabe você não se pega fascinado por voar pelo vazio e pousar em rochas colossais para ver o nascer do sol sem o filtro de qualquer atmosfera, observando a beleza de uma estrela surgindo de forma limpa e bruta, o que pensando bem, é uma ótima analogia ao que o jogo te oferece hoje.
-