Com um espaço único e atrações exclusivas, os fãs de animes e mangás apenas ganharam nesta terceira edição da Comic Con Experience e a editora JBC, em parceria com a organização do evento, trouxe mais um grande mangáka para esta edição do evento.
Em ascensão atualmente no Ocidente, graças à versão animada de Knight of Sidonia, o mangáka Tsutomu Nihei chegou a nosso país no inicio da semana e demonstrou em suas redes sociais um lado simpático com o nosso país, inclusive ao descobrirDVDs piratas do anime de sua obra (coisa que seria muito difícil de acontecer no Japão).
Seu painel na CCXP (que foi realizado no estande da JBC na sexta-feira e no auditório Ultra no sábado) teve varias revelações sobre o seu modo de trabalhar, revelações oficiais de seu próximo trabalho e a exibição exclusiva de um trecho (não finalizado) da adaptação do mangá Blane!, que está sendo produzido pelo estúdio Polygon Pictures em parceria com a Netflix.
Mas antes do painel de Tsutomu Nihei na CCXP, os veículos de comunicação (incluindo O Vértice) tiveram acesso a uma coletiva exclusiva com o mangáka, antes da abertura oficial do evento na quinta-feira. Além de Nihei, a coletiva contou também a participação do produtor Yamazaki da Polygon Pictures e do editor-chefe Yamamotoda revista Shonen Sirius, que pertence à editora Kodansha.
Sobre a adaptação do mangá Blame! para o filme animado, Yamazaki revelou que a adaptação será totalmente original em relação ao mangá e que a produção do longa trabalhou junto de Nihei para transpor a atmosfera que existe na obra para a animação.
Em relação à possibilidade de Knight of Sidonia ganhar uma adaptação em live action feita no Ocidente, Nihei falou que não gostaria de pensar nessa possibilidade e que ele prefere que [se feita uma adaptação em live action do mangá] uma produção desse tipo fosse realizada no Japão, principalmente porque ele criou o desenho de suas obras com muitas características baseadas em anime, o que não combina com uma produção hollywoodiana.
O mangáka foi questionado sobre como foi trabalhar com obras de terceiros, como foi no caso da HQ Wolverine Snikt!, e ele afirmou que é algo muito diferente trabalhar em que não lhe pertence e isso exigiu que ele tivesse o máximo de cuidado com o personagem Wolverine. Nihei também revelou que este trabalho lhe serviu para que ele nunca mais quisesse atuar em parceria ou compartilhar o trabalho com outra pessoa.
Perguntado se os convidados já tiveram contato com quadrinhos brasileiros, Nihei disse que ficou impressionado com a quantidade e a qualidade de alguns quadrinhos no estilo mangá que ele viu em nosso país. Já o editor-chefe Yamamoto disse que ficou impressionado ao ver, em uma comic shop, a quantidade de mangás japoneses publicados no Brasil e que ele sentiu que existe uma possibilidade na expansão no mercado e uma aproximação entre Brasil e Japão através do mangá.
Nihei foi questionado sobre como ele vê o lançamento de Blame! em um outro pais e 25 anos após o publicação original da obra. O mangáka disse que estava muito feliz e ao mesmo tempo muito envergonhado, principalmente devido à obra ter 25 anos e ter sido sua primeira publicação.
O produtor Yamazaki, da Polygon Pictures, e o editor-chefe Yamamoto, da revista Shonen Sirius. |
Questionado sobre como é mudar para uma publicação no estilo Shonen (jovem/adolescente), depois de atuar tantos anos em mangás do estilo Seinen(adulto), Nihei disse que inicialmente em Blame! ele não fazia o mangá no estilo tradicional dos quadrinhos japoneses e que apenas com o tempo ele foi se aproximando deste estilo, citando que Knight of Sidonia possui mais cenas clichês do que suas outras obras, e que agora ele deseja fazer uma obra com uma cara totalmente no estilo tradicional, como é Naruto e Os Cavaleiros do Zodíaco.
Já o editor-chefe Yamamoto disse que será um grande desafio editar esta nova obra de Nihei, principalmente devido o mangáka possuir um estilo próprio de desenho. Mas ele disse que este mangá será emocionante, com um herói com superpoderes e lutas entre pessoas.
Sobre a evolução de seu modo de desenhar no decorrer de seus trabalhos, Nihei afirmou que teve uma grande mudança em seu desenho e, como ele não faz uso de assistentes, é mais fácil dele fazer essas mudanças em seu traço. O mangáka também disse que na época em que produzia Blame! fazia uso de um tom mais escuro e se desafiava a fazer a obra o mais escuro possível. Porem, com o decorrer dos anos, ele enjoou desta forma de desenhar e que em sua nova obra será utilizado um tom muito mais claro e que na produção deste mangá será feito o uso apenas de linhas [se referindo que evitará usar tinta nesta obra].
Perguntado se utilizava pessoas ou lugares como influencia em suas obras, Nihei falou que não costuma sair para colher material, mas que aproveita as oportunidades em que viaja para eventos para se influenciar pelas coisas que vê. O autor aproveitou para dizer que é fã do arquiteto Oscar Niemeyer e haverá inspirações no Brasil em Aposimz.
Uma das maiores questões em cima das obras do mangáka é a similaridade de seres e acontecimentos entre elas e Nihei foi questionado sobre a possibilidade de seus mangás se passarem em um mesmo universo. O autor não quis responder sobre essa questão, mas disse que essa possibilidade pode, ou não existir.
Antes de ser encerrada a coletiva, foi perguntado quais as influencias que Nihei teve na época para realizar a criar Blame!, o mangáka disse que teve uma grande influencia de Akira, Ghost in the Shell e do livro Neuromancer.