Neste ultimo domingo (18) foi realizado durante a Ressaca Friends um debate entre os representantes das grandes editoras de mangás. Em um bate papo descontraído, foi abordados temas como o balanço do ano de 2016, formas alternativas de publicidade, crise financeira, lançamentos de obras para colecionadores e tradução. O debate contou com a presença de Cassius Medauar(Gerente de Conteúdo da editora JBC), Beth Kodama (Editora Sênior da Panini) e Junior Fonseca (Diretor da editora NewPop).
O debate se inicia com Cassius Medauar fazendo um balanço do ano da editora JBC, segundo ele o ano da editora foi difícil e que foi preciso realizar diversas mudanças devido à crise econômica, como modificar a grade de lançamentos por exemplo. Mas ele afirmou que neste ano foi possível seguir com o plano de realizar a publicação de obras voltadas ao publico colecionador, como The Ghost in the Shell, Os Cavaleiros do Zodíaco - Kanzenbam, Blame! e o artbook de Os Cavaleiros do Zodíaco - The Lost Canvas.
Já para Junior o ano da NewPop também foi conturbado, porem ele ressaltou as mudanças na distribuição das obras da editora e também o lançamento de obras como Log Horizon, The Last of Us, entre outros e afirmou que no geral eles estão com um saldo positivo. O diretor da editora também revelou que em 21 de janeiro será realizado um evento aonde será comemorado os 10 anos da NewPop e aonde será realizado novos anúncios.
Segundo Beth Kodama o ano da editora Panini foi tranquilo em relação a vendagem de sua obras e que eles não foram afetados pela crise, porem ela afirmou que ocorreram problemas relacionado a produção interna das obras e que foi preciso ajustar o cronograma de lançamentos da editora. Mas que no geral o ano da Panini foi bom e com 25 novos lançamentos apenas em 2016, ela ainda previu que em 2017 a editora pode aumentar o seu catalogo em até 12%.
Beth Kodama (Editora Sênior da Panini), Junior Fonseca (Diretor da editora NewPop) e Cassius Medauar (Gerente de Conteúdo da editora JBC) |
Sobre formas alternativas para trazer novos leitores e manter os atuais, o Gerente de Conteúdo da JBC ressaltou que a editora vem estudando formas alternativas para atrair novos leitores. Entre estas ações ele destacou propagandas no Metro dos mangás Sailor Moon e My Hero Academia, o formato de publicação de Super Onze e o futuro lançamento da plataforma digital Henshin Drive, que ele afirmou que será lançado em 2017. Cassius também destacou que este tipo de ação deve ser realizada a qualquer momento, não importando qual seja a situação do país.
Junior disse que a NewPop segue buscando formas alternativas para angariar novos leitores e destacou que a editora sempre teve uma forte participação em diversos evento em todo o Brasil, que eles também realizam diversos anúncios em revistas voltadas ao publico fá de mangás e divulgação através do uso de geradores de conteúdo na internet. O diretor da editora também afirmou que é preciso manter em circulação as primeiras edições das obras visando novos leitores.
No caso da Panini, Beth relata que uma ação de marketing pode levar meses de pesquisas antes de receber autorização da matriz italiana para ser realizada. Ela destacou a ação feita no mangá One Punch Man (que recebeu uma ação com propagandas na TV) e afirmou que não vale a pena gastar valores altos sem que exista uma real garantia de retorno financeiro da obra.
Os representantes das editoras foram questionados sobre como funciona atualmente a interação entre as editoras brasileiras e japonesa e o Diretor da NewPop disse que neste momento os japoneses estão pedindo mais informações sobre a formar que a editora brasileira ira usa obra. Junior também destacou que eles estão vindo mais ao Brasil para interagir com as editoras nacionais.
Cassius concordou com as afirmações de Junior e acrescentou dizendo que as editoras japonesas estão vendo a forma que as editoras nacionais estão usando a marca dos mangás e assim liberando mais licenças de novas marcas para serem adquiridas no Brasil. O Gerente de Conteúdo da JBC usou como exemplo a forma que a editora conseguiu adquirir Sailor Moon, ainda à editora japonesa gostou do lançamento realizado em cima do mangá Card Captor Sakura. Ele também afirmou que os japoneses pedem grandes ações de marketing nas obras com maior popularidade, além de avaliar todo o processo de publicação realizada pela editora no Brasil.
Acrescentando o que já havia sido tido anteriormente, Beth afirmou que as editoras japonesas estão tendo uma nova reação ao mercado brasileiro, destacou que (mesmo no momento de crise) a área de entretenimento manteve um crescimento e que muitas outras coisas (internas e externas) refletem no cenário do mercado nacional. Ela também disse que no futuro é possível que as editoras japonesas vão ficar mais exigentes devido eles não possuírem o conhecimento sobre os acontecimentos internos do Brasil ou terem garantias do mercado nacional.
Seguindo com o debate o mediador perguntou se existe a chance de acontecer um grande foco das editoras em realizar lançamentos apenas de obras voltadas ao publico colecionador e Cassius afirmou que atualmente a situação é muito diferente do que ocorria no inicio dos anos 2000, ele destacou que neste momento vivemos o melhor momento dos quadrinhos no Brasil (incluindo os mangás) e que o movimento que está ocorrendo é para também dar acesso a mangás voltados para o publico colecionador mais velho.
Já para Junior o valor do produto a ser lançado varia de acordo com o foco que a editora planeja para aquela obra. Ele destacou que o formato da obra varia dependendo da idade e formar de aquisição do leitor e a editora deve analisar qual o foco de cada publicação.
No caso da Panini, a Editora Sênior revelou que a editora segue uma diretriz de realizar a venda de suas obras a preços populares, mas que ira manter o lançamento de encadernados das linhas MarvelDC, Star Wars e Vertigo como formato de luxo, mantendo assim duas linhas de lançamentos para o publico. Beth também disse que anteriormente já havia ocorrido de ser feito um foco maior para colecionadores e que agora isto retornou, mas que atualmente o publico está comprando.
Durante a produção de um mangá ocorre bastante contato entre as editoras brasileiras e japonesas quanto a modificações na obra e os representantes foram questionados sobre como funciona este contato. Cassius disse que estes contatos variam e que no caso de My Hero Academia a editora Shueisha gosta de saber cada detalhe do glossário do mangá. Para Junior isso varia de cada editora, ele revelou que já ocorreu de aprovação de cada ser feita em um dia mas que já ocorreu de casos de demorar meses para a editora japonesa aprovar uma modificação. Já Beth destacou que a Panini costuma aceitar todas as modificações solicitadas pelas editoras japonesas, com exceção de palavras e expressões que já foram utilizadas anteriormente na versão brasileira da obra.
Próximo ao final do debate o Gerente de Conteúdo da JBC foi questionado sobre a polemica envolvendo o uso de um meme na adaptação brasileiro do mangá My Hero Academia. Segundo Cassius a editora Shueisha respeita a escolha da adaptação do texto da obra e revelou para adaptar Akira a editora está utilizando como base versão francesa da obra, que possui diversos textos que não existem na obra original.
Junior falou que neste caso os japoneses não fazem muita questão de saber sobre a legitimidade do texto em português, mas revelou que no caso de obras baseadas em jogos (como The Last of Us) são seguido instruções enviadas pela responsável pelo jogo.
Porem Beth revelou que para os mangás de Pokémoné enviado pela Nintendo instruções sobre como a Panini precisava trabalhar em cima da tradução/adaptação do mangá. Ela destacou também que a empresa japonesa também analisa todos os textos dos mangás dos monstrinhos de bolso e que é complicado para a Panini quando existe a necessidade de questionar sobre este assunto com a Big N.
O mediador chegou a perguntar se os representantes gostariam de realizar algum anuncio, Cassius revelou que Akira será publicado em 2017 e Junior ressaltou que ira realizar novos anúncios em janeiro na NewPop Day.